terça-feira, abril 29

Eu tô indo, amor...

Olha, amor! Olha como o tempo passou. Lembra? Parecia que as nossas fotos nunca iam desbotar ficando ali na cara do sol. Parecia que eu não viajaria nunca. E olha agora... Já tô em casa. Parecia que as suas promessas de eterno seriam para sempre mesmo. Minto. Elas nunca foram diferentes de todas as outras de todos os outros. É que era para ser diferente com você.
Lembro que costumava me odiar muito mais por passar tanto tempo assim longe do Jujubas. Condenava-me por procurar títulos no Google, e, sem saber que era estrofe de um funk, usá-la em um texto que, sem razão, é para você, de novo. 
Lembro que não teve motivo. Lembro que da mesma forma que o destino me levou até você, aquele dia, aquela hora, ele também me trouxe aqui, para dizer que não há do que se arrepender. 
Claro que lembro das palavras acima da medida que também foram ditas, mas não há como esquecer os perdões; as declarações, as horas de telefone, e as cartas. Aquelas melosas que me faziam chorar na primeira linha, quando, sempre, o vocativo era "Coração", aquelas que você sabia que viriam seguidas de um mar de lágrimas de amor.
Lembra daquela manhã de julho? A gente tinha brigado na noite anterior, fui dormir sem mandar nada, braba. Acordei atrasada, congelando, sem você. Não haviam mensagens suas não lidas, também não mandei mensagem. E correndo cheguei no ponto de ônibus, onde, sozinho, você me esperava. Lembro que depois disso pensei mil vezes antes de brigar por qualquer coisa com você. 
Lembra, mês passado, quando você me pediu um motivo? E eu, arrogante, sai sem dizer nada? E depois de lá conversamos uma mentira? Amor, lembra? Lembra que me disse que algumas coisas não seriam mais tão fáceis?
Amor, vem! Deixa eu deitar aí no teu colo e contar que lembro. Que respondo agora todas as suas cartas. Que sinto falta daquelas coisas bobas, daquelas notas tortas que tocava baixo quando fingia que não me ouvia chegando, sinto falta de você aqui. Lembro, amor, que esse anel no meu dedo é bem mais que um "enfeite", lembro, também, que não foi isso que te disse aquela noite. Amor, lembro também de não ter te contado: Eu tô indo, amor....