sexta-feira, outubro 26

E te amei pelo resto da minha vida...


Na verdade, eu até acreditei que pudesse existir alguma coisa. Que esse nosso "amor" não fosse só o faz de conta amigo que a gente pensava. Você me olhava de um jeito único, eu usava apelidos únicos com você. Eu abraçava você de um jeito diferente. E até os beijos que nós arriscávamos eram vistos como grandes beijos cinematograficamente fabulosos. É, a gente passava por um lindo casal. Mas a gente era melhores amigos, cara! Ótimos melhores amigos.
Eu contava tudo para você. Você contava tudo para mim. A gente confiava imensamente um no outro. Nós éramos felizes por sermos só nós dois. Nós riamos sozinhos e completávamos essas imensas avenidas com nossos sorrisos. Sim, nós passávamos por um lindo casal. Completamente apaixonados. Mas a gente era melhores amigos mesmo! Para o resto da vida.
Um dia, por algum motivo, o sol resolveu brilhar diferente e enquanto a gente ia para a escola, aqueles raios que ultrapassavam seu sorriso me fizeram ver que nós não eramos apenas amigos. Nem bons amigos. Nem apenas melhores amigos. Você era muito mais que tudo isso. E o meu amor amigo, era mais que isso. Eu te amava. Muito.
Jurei nunca contar para você. Até porque estava perfeito daquele jeito. 
Você me fazia tão feliz. Eu nem acreditava naquilo. Mas eu acho, que comecei ficar diferente, eu acho que eu queria que você me percebesse. Eu não sabia viver sem te contar tudo o que eu sentia. Um dia, você disse que iria antes para escola e pediu para que eu fosse sozinha.
Passaram duas aulas e eu não te vi pela escola. Quando então, num bilhete jogado dentro do meu armário, estavam as seguintes palavras: "Eu sei de tudo. Me encontre na frente da escola quando terminar a aula.". Senti minhas pernas tremerem, aquele frio na barriga, minhas mãos suando. Não tinha ninguém para eu abraçar naquele momento. Você não estava na escola. Eu devia ter contado para você.
Foram as piores três aulas de toda a minha vida. Não me peça uma palavra das quais os professores disseram. Eu não estava concentrada e por causa disso quase fui mandada para diretoria duas vezes. 
Bateu o sinal, sai da sala tonta. Não sabia o que esperar. Deixei tudo no meu armário. E li de novo e de novo e de novo por muitas vezes aquele bilhete. Aquela ordem de palavras me deixava cada vez pior. Mas eu precisava aceitar a realidade. E sim, eu ia contar toda a verdade.
Sai da escola, você estava sentado na escada. Sorri para mim mesma. Você me olhou como se soubesse que eu estava ali. Olhou diretamente em minha direção. Fechei os olhos e desci até onde você estava. Você se levantou. E disse: "Precisamos conversar...".
Senti aquelas palavras arderem em mim. Você seguiu para perto de uma das árvores. Eu não disse uma palavra, mas fiquei com medo que você conseguisse ouvir meu coração (clichê!). Parei e esperei que você dissesse alguma coisa. 
Você colocou suas mãos na minha cintura. Chegou perto de mim. Muito perto. E então seus lábios chegaram até os meus. E eu senti minha vida em suas mãos. Não queria acreditar mas entre aquele beijo eu ouvi um "eu te amo" que com a sua voz parecia a mais composta sinfonia. Como um ato natural coloquei minhas mãos sobre seu pescoço. E te amei pelo resto da minha vida.

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