Começou o Carnaval.
Nunca me achei mais brasileira por gostar dessa festa e a propósito, estou
furando com o meu bloco para escrever aqui. Devem estar uns 30 graus, mas a
fina garoa não deixa que a praia fique tão cheia, a cidade está cheia de
turista, inclusive eu, que tive que viajar por 6 horas para estar aqui. Mesmo
assim, me sinto vazia. Espero por algum SMSs apaixonante, ou alguma conversa no
Facebook mesmo. Talvez uma ligação, ou até, um beijo de algum conhecido (ou
desconhecido, não faz mais tanta diferença). As pessoas entram e saem das
lojas, que já fazem liquidações das coisas de verão. Estou aqui no meio de
tantas pessoas desconhecidas, inclusive um loirinho divo (risos). Fico pensando
porque loiros me prendem... Não que morenos não façam isso também, mas loiros
são tão lindos. Começo sentir as mudanças dentro de mim. Coisas não me deixam
mais estressadas, uma timidez desconhecida me invade e bochechas vermelhas
florescem com frequência. Conheço um cara que parece sozinho e sai de uma loja
perto de mim. Ele me parece muito familiar... Como um vizinho... Aah, ele é o
meu provisório vizinho. Há um vizinho gato aqui, ele poderia se declarar e eu
apagaria medos da minha cabeça. Ele
poderia apenas me beijar e eu continuaria minha vida. No máximo, voltaria com
ele para casa. Ele se aproxima. Fala comigo. Uma dor no peito me invade. Ele me
oferece um sorvete (sorvetes deveriam ser mais românticos). Como educação vou
com ele até a barraquinha, agradeço o sorvete e com algum extinto fico ali
esperando por ele. Acho que ele percebeu que eu não me sinto a vontade. Estamos
voltando para casa e eu pensando em cada palavra de alguma postagem que eu possa fazer, começo a recitar
baixinho: "Oh, little boy... Kiss me, dear..." Ele me olha e antes
que eu termine a primeira parte, ele continua dizendo: "You know you like
me..". Fico encantada ao ver ele "recitando" um poema que eu fiz
e que só postei no Jujubas. Me pergunto se ele lia o Jujubas, ou se, qualquer
coisa... Por um momento fiquei com medo, vai que ele fosse algum tipo de
maníaco que me perseguia. Resolvi encarar até o "maníaco", até porque
ele era muito lindo para isso...
"Oh, little boy... Kiss me, dear... You know I miss you"
continuei, mas já estávamos na esquina de casa e a chuva havia engrossado. Ele
estava mais perto de mim do que quando a gente saiu da barraquinha de sorvete,
e como num sussurro muito perto de mim, ele disse: "You know
I want to stay, with you, forever" e então seus lábios estiveram mais próximos do meu do que qualquer outro lábio jamais esteve. Eles estavam juntos, e aquele vizinho que poderia me beijar, leu meus pensamentos. E, agora, meus dias nunca mais serão iguais.
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