quinta-feira, janeiro 24

Será que ele me ama?


Minha mãe sempre disse que amor e ódio andam juntos. Em algumas situações eu já tinha percebido isso. Mas hoje, quando Marcos entrou no trem eu não sabia o que sentir. Dentro de mim sensações gritavam em lágrimas. Eu não conseguia mais lembrar do doce sabor de seus beijos. E me sentia, completamente, sozinha. As promessas ditas antes dele entrar no trem das 9, me pareciam não valer mais nada, e a única coisa que eu queria fazer era poder voltar para o seu abraço. Eu queria dizer como eu o amava e como eu não aguentaria ficar sem ele. Mas eu sabia que naquele momento eu precisava deixar ele ir. 
Marcos não iria voltar. E eu não poderia ir atrás dele. Já haviam passados dois dias que ele se foi. Ele não havia mandado nenhum e-mail, nem alguma SMS, eu nem sabia se ele me amava mesmo, mas eu sentia a falta dele. 
Eu sabia que ele não previsível e que ele bem poderia me ligar durante a madrugada alegando sentir minha falta ao lado dele, eis o motivo pelo qual eu ficava tanto tempo acordada, esperando alguma foto ou algum recado no Facebook. Alguma mensagem. Ou que o meu celular tocasse, enfim!
I miss you começou tocar adoidadamente no meu celular, e eu mais que depressa corri atender. Marcos. Era, finalmente, ele! 
-Alô?! 
-Amor?! Como você tá? - disse a voz dele um pouco rouca do outro lado. Ele parecia estar tão perto de mim. E aquela ligação vez os 2.000 kms que nos separavam serem tão próximos.
-Marcos... É tão bom falar com você! Eu estou bem. E você? Onde você está? - perguntei ansiosa para ouvir a voz dele novamente.
-Eu estou bem... Espero revê-la o mais breve possível. Sinto tanto a sua falta. Você já foi assistir ao pôr-do-sol naquele lugar onde nós sempre Íamos? - perguntou ele.
-Sinto tua falta também. Não, amor, não fui, mas... - A ligação falhou e logo caiu. Novamente eu não disse que o amava. Não o disse o quanto ele era importante. Mas, por que ele pediu do pôr-do-sol?
Decidi ir lá mesmo sendo umas quatro horas da madrugada...  Eu esperaria o sol nascer.
Não demorou muito tempo para eu entender porque ele havia me pedido para ir lá. Os prédios cinzentos e sem vida da cidade estavam brilhando na mesma intensidade com que o sol se abria por meio das nuvens. Aquele lugar era tão longe e me parecia tão perto do céu. Eu tinha certeza de que eu e Marcos eramos as únicas pessoas que se habilitavam a subir até lá. Havia uma caixa de madeira em cima do banco. Eu sabia que era dele.
"Amor, 
você foi a melhor coisa que me aconteceu. 
Sentirei sua falta todos os minutos de todas as horas do dia.
Porque eu amo você. 
Com amor, M."
Havia um bilhete de trem para onde ele estava. E eu fui para lá. Encontrei Marcos e voltei sozinha de novo. Eu sentia a falta dele e parecia que nada tinha mudado. Mas tudo estava diferente. Marcos estava diferente. E eu também. Já fazia um mês que eu havia voltado, quando ele disse que estava voltando também. E sabe por quê? Porque ele me ama.

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