domingo, setembro 9

Uma garota comum. Com um nome e uma vida comum...


Ela era apenas uma garota, uma garota comum. Com um nome e uma vida comum. Não era loira com brilhantes olhos azuis. Não bebia ou usava drogas, nem fumava e não era viciada em rock in roll. Nunca ia à festas, nem baladas. Passava o tempo trancada, lendo. Mas estava cansada. Cansada de ser comum. Cansada de viver, cansada de sonhar. Ahh, ela sonhava! Estava cansada de ir para a escola e ficar no computador. Estava cansada de não poder se mostrar diferente. Estava cansada de tentar compreender o porquê e o como de tudo. Estava cansada de ser criticada. Queria ser feliz.
O problema era como. Não ia ser feliz onde estava, com quem estava. Não ia ser feliz com as pessoas que conhecia. Não ia ser feliz tendo os pés no chão.
Fez as malas. Pintou o cabelo. Começou a se drogar e foi para Santos. Não sobreviveu. As drogas, sobretudo, preencheram o vazio de mudanças. Ficou feliz. Começou a ir para festas e fazer programas para se manter. Virou moradora de rua. Com o tempo, ninguém mais a procurava. Estava magra demais, nojenta demais, convencida demais. Hoje seu corpo não tem dono, nem escolhas. Vive escravizado nas lembranças, devorado pelo ódio de não poder voltar atrás. Queria apenas ser comum. Uma garota comum. Com um nome e uma vida comum.

Nenhum comentário:

Postar um comentário